Justiça americana apresenta novas acusações contra Tom Goldstein por ocultação de patrimônio

A novela judicial envolvendo Tom Goldstein ganhou um novo capítulo com a apresentação de acusações adicionais pelos promotores federais americanos. O advogado, conhecido por sua presença nas mesas de cash game high stakes, agora enfrenta alegações de ter ocultado aproximadamente US$ 960.000 de credores hipotecários, em uma manobra que teria facilitado a aquisição de uma propriedade milionária na capital americana.
O Grande Júri do Distrito de Maryland formalizou as novas imputações contra Goldstein, que já respondia a 22 acusações relacionadas à omissão de obrigações fiscais decorrentes de atividades no poker. As autoridades sustentam que o advogado, em conjunto com sua esposa Amy Howe, realizou saques substanciais de suas contas de aposentadoria, transferindo os recursos para contas empresariais com o objetivo de impedir que o Individual Retirement Account procedesse ao confisco dos valores.
A investigação revelou um padrão de comportamento que vai além da simples evasão fiscal. Segundo os promotores, Goldstein teria oferecido sistematicamente criptomoedas e bonificações de US$ 10.000 a uma gerente de sua empresa, numa tentativa de dissuadi-la de colaborar com a investigação conduzida pelo Internal Revenue Service. Essa conduta caracterizaria obstrução da justiça e tentativa de suborno de testemunha, agravando significativamente sua situação legal.
O caso de Goldstein representa um dos mais complexos processos envolvendo jogadores de poker nos Estados Unidos. Sua trajetória judicial começou em janeiro, quando foi inicialmente indiciado por crimes fiscais relacionados aos ganhos e perdas nas mesas de poker. A situação se complicou em fevereiro, quando foi detido sob a alegação de representar alto risco de fuga, após supostamente ocultar transações com criptomoedas das autoridades judiciais.
Durante sua breve permanência na prisão, que durou três dias, emergiram detalhes sobre a extensão de suas atividades financeiras. Documentos judiciais revelaram que Goldstein teria obtido impressionantes US$ 51,4 milhões de um único jogador entre maio de 2022 e maio de 2024, conforme planilha apresentada pelos promotores. Além disso, ele teria deixado de declarar US$ 12 milhões em ganhos líquidos de apostas em 2022 e US$ 10 milhões em 2023.
A liberação de Goldstein em fevereiro veio acompanhada de restrições severas impostas pelo juiz federal Timothy J. Sullivan. Entre as medidas estão a proibição total do uso de criptomoedas, a obrigação de divulgar todas as suas contas financeiras e a vedação ao uso de sistemas de computador com acesso à internet. Mais significativamente para sua carreira no poker, ele está terminantemente proibido de participar de jogos de qualquer natureza enquanto aguarda o julgamento.
O comportamento de Goldstein durante o período de investigação chamou a atenção das autoridades. Em 2024, ele teria viajado para Mykonos, na Grécia, onde participou de uma festa de aniversário com outros jogadores de poker high stakes. Os promotores alegam que ele perdeu aproximadamente US$ 200.000 em criptomoedas durante os jogos organizados na ocasião, demonstrando a continuidade de suas atividades de apostas mesmo sob investigação.
A defesa de Goldstein tentou recentemente amenizar as condições de sua liberdade condicional, solicitando a suspensão do monitoramento eletrônico de seus dispositivos. O pedido foi caracterizado como uma medida "excessivamente drástica", mas foi prontamente rejeitado pela juíza Lydia Kay Griggsby, que manteve todas as restrições anteriormente impostas.
O julgamento de Goldstein foi marcado para 13 de janeiro de 2026, data em que se espera que todas as acusações sejam formalmente apresentadas e julgadas. Até lá, o advogado permanecerá afastado das mesas de poker, encerrando temporariamente uma carreira que o tornou uma figura conhecida no cenário internacional do cash game high stakes.
Foto: Diego M. Radzinschi/ALM