WSOP 2025 em números: mais de US$ 528 milhões movimentados, recordes históricos e impostos pesados no Main Event

A World Series of Poker de 2025 oficialmente entrou para a história como a maior e mais lucrativa edição já realizada, estabelecendo novos patamares em praticamente todas as métricas relevantes. Sob a nova custódia do GGPoker, a série conseguiu superar todas as expectativas, movimentando US$ 528.940.009 em buy-ins totais através de 100 eventos valendo bracelete, realizados no Horseshoe e Paris Las Vegas.

Os números representam um crescimento impressionante, superando em quase US$ 50 milhões o ano anterior, consolidando a WSOP como o evento de poker mais importante do mundo. O sucesso financeiro da série se refletiu em múltiplas dimensões, desde o aumento significativo no número de participantes até a geração de receitas recordes para a organização.

Confira abaixo a comparação com a edição de 2024:

A WSOP 2025 registrou um crescimento de 17.361 participações comparado a 2024, demonstrando o apelo crescente do poker mundial e a eficácia das estratégias implementadas pela nova gestão. Este crescimento orgânico na participação traduziu-se diretamente em prize pools mais robustos e, consequentemente, em maior arrecadação de taxas administrativas.

Paralelamente, a organização coletou US$ 47.020.650 em rake total, um incremento de US$ 4.850.615 que demonstra tanto o crescimento da série quanto a eficiência operacional da nova administração. Esta cifra representa quase 9% de todos os buy-ins, mantendo-se dentro dos padrões históricos da indústria.

Eventos de massa impulsionam números recordes

Os eventos de buy-in mais acessível se destacaram como motores do crescimento da WSOP 2025, com o US$ 300 Gladiators of Poker liderando de forma espetacular com 24.629 entradas. Este número representa não apenas um recorde para eventos individuais da WSOP, mas também demonstra o desejo da comunidade global por poker de qualidade a preços acessíveis.

O Main Event permaneceu como a joia da coroa da série, gerando um prize pool de US$ 90,5 milhões que estabeleceu novos padrões para o evento mais prestigioso do poker mundial. O rake de US$ 6.814.500 gerado apenas por este evento superou os prêmios individuais de muitos outros torneios importantes, ilustrando a magnitude financeira do evento principal da WSOP.

A realidade fiscal: como impostos impactaram os finalistas do Main Event

A análise detalhada dos impostos pagos pelos nove finalistas do Main Event da WSOP 2025 revela uma complexa teia de obrigações fiscais que reduziu significativamente os valores efetivamente recebidos pelos jogadores. O Internal Revenue Service americano acabou sendo o grande vencedor, arrecadando US$ 9,1 milhões apenas dos nove finalistas, enquanto governos estrangeiros coletaram quase US$ 1 milhão adicional, totalizando US$ 20.995.613 em impostos.

Michael Mizrachi, o campeão, enfrentou a maior carga tributária absoluta, perdendo quase US$ 4 milhões de seu prêmio de US$ 10 milhões para o governo americano. Sua taxa efetiva de aproximadamente 39,67% reflete a combinação de taxações federais e impostos sobre trabalho autônomo aplicáveis a jogadores profissionais. Sua residência na Flórida, um estado sem imposto de renda estadual, proporcionou algum alívio, mas não foi suficiente para evitar a perda de quase 40% de seus ganhos.

John Wasnock, o vice-campeão, beneficiou-se de sua condição de jogador não-profissional, evitando os impostos sobre trabalho autônomo que afetaram outros finalistas americanos. Sua residência em Washington, estado sem imposto de renda estadual, permitiu que mantivesse US$ 3.790.106 de seu prêmio de US$ 6 milhões, uma taxa efetiva de 36,83%.

Braxton Dunaway, 3º colocado, enfrentou uma situação fiscal similar à de Wasnock, beneficiando-se tanto de sua residência no Texas quanto de sua condição de não-profissional. Seus US$ 2.524.527 líquidos de um prêmio de US$ 4 milhões representam uma taxa efetiva de 36,89%.

A situação mais favorável coube a Kenny Hallaert e Luka Bojovic, que conseguiram manter 100% de seus prêmios devido a tratados fiscais internacionais. Hallaert, residente em Londres, beneficiou-se do tratado fiscal entre Reino Unido e Estados Unidos que permite que residentes britânicos mantenham integralmente seus ganhos de jogos nos EUA. Esta vantagem fiscal fez com que seus US$ 3 milhões líquidos superassem os ganhos efetivos de Dunaway, apesar de ter terminado em quarto lugar.

Bojovic, com residência na Áustria, aproveitou-se tanto do tratado fiscal austro-americano quanto da política austríaca de não tributar ganhos de jogos. Seus US$ 2,4 milhões integralmente mantidos demonstram como a escolha de residência fiscal pode ter impactos dramáticos nos ganhos líquidos de jogadores profissionais internacionais.

Leo Margets enfrentou uma das situações fiscais mais complexas da mesa final, pagando impostos tanto nos Estados Unidos quanto na Espanha. Apesar do tratado fiscal que proporcionou algum alívio, ela manteve apenas US$ 795.000 de seu prêmio de US$ 1,5 milhão, uma taxa efetiva de 47% que a colocou entre os finalistas mais tributados proporcionalmente.

Daehyung Lee experimentou a situação fiscal mais desfavorável de todos os finalistas, mantendo apenas US$ 482.788 de seu prêmio de US$ 1 milhão. A ausência de tratado fiscal entre Coreia do Sul e Estados Unidos para ganhos de jogos, combinada com a tributação doméstica coreana, resultou em uma taxa efetiva de 51,72%.

Implicações para o futuro do poker mundial

Os números recordes da WSOP 2025 estabelecem novos benchmarks para a indústria global do poker e criam expectativas elevadas para edições futuras da série. O crescimento consistente em participação, receitas e prêmios demonstra que o poker continua expandindo sua base global de jogadores, mesmo em um ambiente econômico desafiador. A capacidade do GGPoker de superar os resultados históricos em seu primeiro ano de custódia sugere que mudanças na gestão podem catalisar crescimento significativo quando implementadas estrategicamente.

Por outro lado, a distribuição geográfica dos finalistas do Main Event e suas diferentes situações fiscais destacam a necessidade crescente de harmonização internacional das políticas tributárias relacionadas a ganhos de poker. As disparidades gigantes entre jogadores como Kenny Hallaert, que manteve 100% de seus ganhos, e Daehyung Lee, que perdeu mais de 50% para impostos, criam distorções competitivas que podem influenciar decisões de residência e participação de jogadores internacionais.

Fotos: Luis Rato/PokerLife